Afrodita, cópia romana de um original grego de Praxíteles
Não batas palmas diante da beleza.
Não se sente a beleza demasiado.
Saibamos como os deuses
Sentir divinamente.
Ao ver o belo, lembra-te que morre.
E que a tristeza desse pensamento
Torne elevada e calma
A tua admiração.
E se é estátua ou de Píndaro alta estrofe
Em quem teus olhos são abandonados
Não te esqueças de que essa
Beleza não é viva.
Sempre ao belo uma cousa há-de faltar
Para que seja triste contemplá-lo
E nunca se poder
Bater palmas ao vê-lo...
Calma é a beleza. Ama-a calmamente.
Os dons dos deuses como um deus aceita
E terás tua parte
Do néctar dado aos calmos.
12-2-1915
Ricardo Reis / Fernando Pessoa
Poesia, de Ricardo Reis. Edição de Manuela Parreira da Silva. Assírio & Alvim, 2ª edição, Junho 2007
Não se sente a beleza demasiado.
Saibamos como os deuses
Sentir divinamente.
Ao ver o belo, lembra-te que morre.
E que a tristeza desse pensamento
Torne elevada e calma
A tua admiração.
E se é estátua ou de Píndaro alta estrofe
Em quem teus olhos são abandonados
Não te esqueças de que essa
Beleza não é viva.
Sempre ao belo uma cousa há-de faltar
Para que seja triste contemplá-lo
E nunca se poder
Bater palmas ao vê-lo...
Calma é a beleza. Ama-a calmamente.
Os dons dos deuses como um deus aceita
E terás tua parte
Do néctar dado aos calmos.
12-2-1915
Ricardo Reis / Fernando Pessoa
Poesia, de Ricardo Reis. Edição de Manuela Parreira da Silva. Assírio & Alvim, 2ª edição, Junho 2007