Mécia de Sena, numa fotografia de Fernando Lemos
“AMOR, SAUDADES TENHO...”
Amor, saudades tenho desta vida.
Por mais que a viva ou a deteste, ou ranja
de raiva os dentes por não estar saciado
do que ela mais recusa a quem deseja mais,
tenho saudades já. Quando morrer,
não hei-de tê-la e não terei saudades:
agora sim que a sinto devorar-me
e tanto quanto se me esvai no tempo
o tanto que devoram quando ela passa.
Amor, dá-me a tua mão, aperta a minha:
saudades tenho desta vida, amor.
Jorge de Sena
De Conheço o sal... e outros poemas (1974)
Amor, saudades tenho desta vida.
Por mais que a viva ou a deteste, ou ranja
de raiva os dentes por não estar saciado
do que ela mais recusa a quem deseja mais,
tenho saudades já. Quando morrer,
não hei-de tê-la e não terei saudades:
agora sim que a sinto devorar-me
e tanto quanto se me esvai no tempo
o tanto que devoram quando ela passa.
Amor, dá-me a tua mão, aperta a minha:
saudades tenho desta vida, amor.
Jorge de Sena
De Conheço o sal... e outros poemas (1974)