Paulino António Cabral de Vasconcelos (Amarante, 6 de Maio de 1719 — 20 de Novembro de 1789), melhor conhecido por Abade de Jazente, foi um poeta português.
É claro que depois de ler este soneto, podemos reler o inspirador soneto camoniano "Amor é um fogo que arde sem se ver"
Amor é um arder que não se sente,
É ferida que doi e não tem cura,
É febre que no peito faz secura,
É mal que as forças tira de repente.
É fogo que consome ocultamente,
É dor que mortifica a criatura,
É ansia a mais cruel, a mais impura,
É fragoa que devora o fogo ardente.
É um triste penar entre lamentos,
É um não acabar sempre penando,
É um andar metido em mil tormentos.
É suspiros lançar de quando em quando,
É quem me causa eternos sentimentos,
É que me mata e vida me está dando.
Abade de Jazente
Amor é um fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se e contente;
É um cuidar que ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Luís de Camões
É claro que depois de ler este soneto, podemos reler o inspirador soneto camoniano "Amor é um fogo que arde sem se ver"
Amor é um arder que não se sente,
É ferida que doi e não tem cura,
É febre que no peito faz secura,
É mal que as forças tira de repente.
É fogo que consome ocultamente,
É dor que mortifica a criatura,
É ansia a mais cruel, a mais impura,
É fragoa que devora o fogo ardente.
É um triste penar entre lamentos,
É um não acabar sempre penando,
É um andar metido em mil tormentos.
É suspiros lançar de quando em quando,
É quem me causa eternos sentimentos,
É que me mata e vida me está dando.
Abade de Jazente
Frontispício da primeira edição em 1786 de Poesias
de Paulino António Cabral, Abade de Jazente.
de Paulino António Cabral, Abade de Jazente.
Amor é um fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se e contente;
É um cuidar que ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Luís de Camões