Imagens que passais pela retina
dos meus olhos, porque não vos fixais?
Que passais como a água cristalina
por uma fonte para nunca mais!....
Ou para o lago escuro onde termina
Vosso curso, silente de juncais,
E o vago medo angustioso domina,
- Porque ides sem mim, não me levais?
Sem vós o que são os meus olhos abertos?
- O espelho inútil, meus olhos pagãos!
Aridez de sucessivos desertos...
Fica sequer, sombra das minhas mãos,
Flexão casual de meus dedos incertos,
- Estranha sombra e movimentos vãos.
Camilo Pessanha
Camilo Pessanha (Coimbra, 1867 — Macau, 1926) foi um poeta português.
É considerado o expoente máximo do simbolismo em língua portuguesa, além de antecipador do princípio modernista da fragmentação.
Fotografia de Pessanha retirada do seguinte artigo do diário Público (15-3-2016):
Macau tira Camilo Pessanha do buraco
Uma nova tradução chinesa da Clepsidra foi lançada no Festival de Literatura de Macau. O escritor Paulo José Miranda, que há 15 anos ali foi atrás de Pessanha, também voltou para o reencontrar.
dos meus olhos, porque não vos fixais?
Que passais como a água cristalina
por uma fonte para nunca mais!....
Ou para o lago escuro onde termina
Vosso curso, silente de juncais,
E o vago medo angustioso domina,
- Porque ides sem mim, não me levais?
Sem vós o que são os meus olhos abertos?
- O espelho inútil, meus olhos pagãos!
Aridez de sucessivos desertos...
Fica sequer, sombra das minhas mãos,
Flexão casual de meus dedos incertos,
- Estranha sombra e movimentos vãos.
Camilo Pessanha
Camilo Pessanha (Coimbra, 1867 — Macau, 1926) foi um poeta português.
É considerado o expoente máximo do simbolismo em língua portuguesa, além de antecipador do princípio modernista da fragmentação.
Fotografia de Pessanha retirada do seguinte artigo do diário Público (15-3-2016):
Macau tira Camilo Pessanha do buraco
Uma nova tradução chinesa da Clepsidra foi lançada no Festival de Literatura de Macau. O escritor Paulo José Miranda, que há 15 anos ali foi atrás de Pessanha, também voltou para o reencontrar.