Chico Buarque é o vencedor do Prémio Camões 2019
Chico Buarque fora já distinguido duas vezes com o prémio Jabuti, o mais importante prémio literário no Brasil, pelo romance "Leite Derramado", em 2010, obra com que também venceu o antigo Prémio Portugal Telecom de Literatura, e por "Budapeste", em 2006.
O músico e escritor foi escolhido pelos jurados Clara Rowland e Manuel Frias Martins, indicados pelo Ministério português da Cultura, pelos brasileiros Antonio Cícero Correia Lima e António Carlos Hohlfeldt, pela professora angolana Ana Paula Tavares e pelo professor moçambicano Nataniel Ngomane.
Escritor, compositor e cantor, Francisco Buarque de Holanda nasceu em 19 de junho de 1944, no Rio de Janeiro.
Estreou-se nas Letras com o romance "Estorvo", publicado em 1991, a que se seguiram obras como "Benjamim", "Tantas palavras" e "O Irmão Alemão", publicado em 2014.
Em 2017, venceu em França o prémio Roger Caillois pelo conjunto da obra literária.
O Prémio Camões de literatura em língua portuguesa foi instituído por Portugal e pelo Brasil em 1988, com o objetivo de distinguir um autor "cuja obra contribua para a projeção e reconhecimento do património literário e cultural da língua comum".
Foi atribuído pela primeira vez, em 1989, ao escritor Miguel Torga. Em 2018 o prémio distinguiu o escritor cabo-verdiano Germano Almeida, autor de "A ilha fantástica", "Os dois irmãos" e "O testamento do Sr. Napumoceno da Silva Araújo", entre outras obras.
Brasil e Portugal lideram a lista de distinguidos com o Prémio Camões, com 13 premiados cada, seguindo-se Angola, Moçambique e Cabo Verde, com dois laureados cada - contando com o luso-angolano Luandino Vieira.
A história do galardão conta apenas com uma recusa, a de Luandino Vieira, em 2006.
Lista dos distinguidos com o Prémio Camões:
1989 -- Miguel Torga, Portugal
1990 -- João Cabral de Melo Neto, Brasil
1991 -- José Craveirinha, Moçambique
1992 -- Vergílio Ferreira, Portugal
1993 -- Rachel Queiroz, Brasil
1994 -- Jorge Amado, Brasil
1995 -- José Saramago, Portugal
1996 -- Eduardo Lourenço, Portugal
1997 -- Pepetela, Angola
1998 -- António Cândido de Mello e Sousa, Brasil
1999 -- Sophia de Mello Breyner Andresen, Portugal
2000 -- Autran Dourado, Brasil
2001 -- Eugénio de Andrade, Portugal
2002 - Maria Velho da Costa, Portugal
2003 -- Rubem Fonseca, Brasil
2004 -- Agustina Bessa-Luís, Portugal
2005 -- Lygia Fagundes Telles, Brasil
2006 -- José Luandino Vieira, Portugal/Angola
2007 -- António Lobo Antunes, Portugal
2008 -- João Ubaldo Ribeiro, Brasil
2009 -- Arménio Vieira, Cabo Verde
2010 -- Ferreira Gullar, Brasil
2011 -- Manuel António Pina, Portugal
2012 -- Dalton Trevisan, Brasil
2013 - Mia Couto, Moçambique
2014 - Alberto da Costa e Silva, Brasil
2015 - Hélia Correia, Portugal
2016 - Raduan Nassar, Brasil
2017 - Manuel Alegre, Portugal
2018 - Germano Almeida, Cabo Verde
2019 - Chico Buarque, Brasil
Informação publicada no DN (21 de maio de 2019)
Em "Poeta de canções, dramaturgo e romancista: Chico Buarque é mais do que Bob Dylan", de João Céu e Silva, no Diário de Notícias de ontem, podemos ler o seguinte:
"Quero ficar no teu corpo feito tatuagem" é o verso inicial de uma canção da peça Calabar - O Elogio da Traição que Chico Buarque escreveu com Ruy Guerra e subiu aos palcos em 1973. Pode dizer-se que só Calabar justificaria o Prémio Camões que Chico Buarque recebeu ontem após a escolha do júri porque reúne nessa canção - e outras como Anna de Amsterdam - a sedução capaz de pôr milhões a cantar enquanto pensam na condição humana da protagonista.
Mas Calabar não é só música porque nessa peça já estava tudo o que faz de Chico Buarque um dos maiores criadores da língua portuguesa, a razão pela qual Portugal e Brasil instituíram este prémio: além de compositor musical, é poeta e escritor de letras, autor de teatro e com meia dúzia de narrativas de ficção de fôlego.
A escolha de Chico Buarque implode pela primeira vez com a norma de atribuir o Camões a "especialistas" do clube da literatura, ficcionistas e poetas, uma orientação que vem desde a primeira escolha, Miguel Torga (1989), passou por Jorge Amado (1994), e no ano passado calhou a Germano Almeida.
(Artigo completo no link)
Página oficial de Chico Buarque
Tatuagem
Chico Buarque - Ruy Guerra/1972-1973
Para a peça Calabar de Chico Buarque e Ruy Guerra
Quero ficar no teu corpo feito tatuagem
Que é pra te dar coragem
Pra seguir viagem
Quando a noite vem
E também pra me perpetuar em tua escrava
Que você pega, esfrega, nega
Mas não lava
Quero brincar no teu corpo feito bailarina
Que logo se alucina
Salta e te ilumina
Quando a noite vem
E nos músculos exaustos do teu braço
Repousar frouxa, murcha, farta
Morta de cansaço
Quero pesar feito cruz nas tuas costas
Que te retalha em postas
Mas no fundo gostas
Quando a noite vem
Quero ser a cicatriz risonha e corrosiva
Marcada a frio, a ferro e fogo
Em carne viva
Corações de mãe
Arpões, sereias e serpentes
Que te rabiscam o corpo todo
Mas não sentes
Chico Buarque fora já distinguido duas vezes com o prémio Jabuti, o mais importante prémio literário no Brasil, pelo romance "Leite Derramado", em 2010, obra com que também venceu o antigo Prémio Portugal Telecom de Literatura, e por "Budapeste", em 2006.
O músico e escritor foi escolhido pelos jurados Clara Rowland e Manuel Frias Martins, indicados pelo Ministério português da Cultura, pelos brasileiros Antonio Cícero Correia Lima e António Carlos Hohlfeldt, pela professora angolana Ana Paula Tavares e pelo professor moçambicano Nataniel Ngomane.
Escritor, compositor e cantor, Francisco Buarque de Holanda nasceu em 19 de junho de 1944, no Rio de Janeiro.
Estreou-se nas Letras com o romance "Estorvo", publicado em 1991, a que se seguiram obras como "Benjamim", "Tantas palavras" e "O Irmão Alemão", publicado em 2014.
Em 2017, venceu em França o prémio Roger Caillois pelo conjunto da obra literária.
O Prémio Camões de literatura em língua portuguesa foi instituído por Portugal e pelo Brasil em 1988, com o objetivo de distinguir um autor "cuja obra contribua para a projeção e reconhecimento do património literário e cultural da língua comum".
Foi atribuído pela primeira vez, em 1989, ao escritor Miguel Torga. Em 2018 o prémio distinguiu o escritor cabo-verdiano Germano Almeida, autor de "A ilha fantástica", "Os dois irmãos" e "O testamento do Sr. Napumoceno da Silva Araújo", entre outras obras.
Brasil e Portugal lideram a lista de distinguidos com o Prémio Camões, com 13 premiados cada, seguindo-se Angola, Moçambique e Cabo Verde, com dois laureados cada - contando com o luso-angolano Luandino Vieira.
A história do galardão conta apenas com uma recusa, a de Luandino Vieira, em 2006.
Lista dos distinguidos com o Prémio Camões:
1989 -- Miguel Torga, Portugal
1990 -- João Cabral de Melo Neto, Brasil
1991 -- José Craveirinha, Moçambique
1992 -- Vergílio Ferreira, Portugal
1993 -- Rachel Queiroz, Brasil
1994 -- Jorge Amado, Brasil
1995 -- José Saramago, Portugal
1996 -- Eduardo Lourenço, Portugal
1997 -- Pepetela, Angola
1998 -- António Cândido de Mello e Sousa, Brasil
1999 -- Sophia de Mello Breyner Andresen, Portugal
2000 -- Autran Dourado, Brasil
2001 -- Eugénio de Andrade, Portugal
2002 - Maria Velho da Costa, Portugal
2003 -- Rubem Fonseca, Brasil
2004 -- Agustina Bessa-Luís, Portugal
2005 -- Lygia Fagundes Telles, Brasil
2006 -- José Luandino Vieira, Portugal/Angola
2007 -- António Lobo Antunes, Portugal
2008 -- João Ubaldo Ribeiro, Brasil
2009 -- Arménio Vieira, Cabo Verde
2010 -- Ferreira Gullar, Brasil
2011 -- Manuel António Pina, Portugal
2012 -- Dalton Trevisan, Brasil
2013 - Mia Couto, Moçambique
2014 - Alberto da Costa e Silva, Brasil
2015 - Hélia Correia, Portugal
2016 - Raduan Nassar, Brasil
2017 - Manuel Alegre, Portugal
2018 - Germano Almeida, Cabo Verde
2019 - Chico Buarque, Brasil
Informação publicada no DN (21 de maio de 2019)
Em "Poeta de canções, dramaturgo e romancista: Chico Buarque é mais do que Bob Dylan", de João Céu e Silva, no Diário de Notícias de ontem, podemos ler o seguinte:
"Quero ficar no teu corpo feito tatuagem" é o verso inicial de uma canção da peça Calabar - O Elogio da Traição que Chico Buarque escreveu com Ruy Guerra e subiu aos palcos em 1973. Pode dizer-se que só Calabar justificaria o Prémio Camões que Chico Buarque recebeu ontem após a escolha do júri porque reúne nessa canção - e outras como Anna de Amsterdam - a sedução capaz de pôr milhões a cantar enquanto pensam na condição humana da protagonista.
Mas Calabar não é só música porque nessa peça já estava tudo o que faz de Chico Buarque um dos maiores criadores da língua portuguesa, a razão pela qual Portugal e Brasil instituíram este prémio: além de compositor musical, é poeta e escritor de letras, autor de teatro e com meia dúzia de narrativas de ficção de fôlego.
A escolha de Chico Buarque implode pela primeira vez com a norma de atribuir o Camões a "especialistas" do clube da literatura, ficcionistas e poetas, uma orientação que vem desde a primeira escolha, Miguel Torga (1989), passou por Jorge Amado (1994), e no ano passado calhou a Germano Almeida.
(Artigo completo no link)
Página oficial de Chico Buarque
Tatuagem
Chico Buarque - Ruy Guerra/1972-1973
Para a peça Calabar de Chico Buarque e Ruy Guerra
Quero ficar no teu corpo feito tatuagem
Que é pra te dar coragem
Pra seguir viagem
Quando a noite vem
E também pra me perpetuar em tua escrava
Que você pega, esfrega, nega
Mas não lava
Quero brincar no teu corpo feito bailarina
Que logo se alucina
Salta e te ilumina
Quando a noite vem
E nos músculos exaustos do teu braço
Repousar frouxa, murcha, farta
Morta de cansaço
Quero pesar feito cruz nas tuas costas
Que te retalha em postas
Mas no fundo gostas
Quando a noite vem
Quero ser a cicatriz risonha e corrosiva
Marcada a frio, a ferro e fogo
Em carne viva
Corações de mãe
Arpões, sereias e serpentes
Que te rabiscam o corpo todo
Mas não sentes