1
Neste carnaval da vida,
Anda a malta divertida,
Com a máscara que lhe convém.
Uns disfarçam-se em anjinhos,
Outros fingem ser ceguinhos,
Para que tudo corra bem.
2
Tudo canta tudo dança,
Há serpentinas de esp’rança,
E no meio dos foliões
Há fadas e há piratas,
Os chamados magnatas,
E os engravatados burlões.
3
E ao som do acordeão,
Rebola-se a corrupção,
Numa salsa de alegria.
Há Pierrots, há coristas,
Há palhaços e há fadistas,
E assim vai o dia-a-dia.
4
Há doutores e há banqueiros,
Malabaristas e enfermeiros,
Músicos e contorcionistas.
Pode não haver dinheiro,
Mas o povo que é ordeiro,
Sorri para dar nas vistas.
5
Mas a máscara mais caricata,
Para a qual é preciso lata,
É de Rafael Bordalo Pinheiro.
E entregue à sua sorte,
O Zé-Povo é bobo da corte
Sempre alegre e brejeiro.
O Seringador
Reportório crítico-jocoso e prognóstico diário para 2017 (e 152º ano da sua publicação)
(Ilustração: Paródia de Carnaval, gravura, meados do século XIX, Lisboa - Arquivo Municipal de Lisboa - M. Teixeira Gomes)
Neste carnaval da vida,
Anda a malta divertida,
Com a máscara que lhe convém.
Uns disfarçam-se em anjinhos,
Outros fingem ser ceguinhos,
Para que tudo corra bem.
2
Tudo canta tudo dança,
Há serpentinas de esp’rança,
E no meio dos foliões
Há fadas e há piratas,
Os chamados magnatas,
E os engravatados burlões.
3
E ao som do acordeão,
Rebola-se a corrupção,
Numa salsa de alegria.
Há Pierrots, há coristas,
Há palhaços e há fadistas,
E assim vai o dia-a-dia.
4
Há doutores e há banqueiros,
Malabaristas e enfermeiros,
Músicos e contorcionistas.
Pode não haver dinheiro,
Mas o povo que é ordeiro,
Sorri para dar nas vistas.
5
Mas a máscara mais caricata,
Para a qual é preciso lata,
É de Rafael Bordalo Pinheiro.
E entregue à sua sorte,
O Zé-Povo é bobo da corte
Sempre alegre e brejeiro.
O Seringador
Reportório crítico-jocoso e prognóstico diário para 2017 (e 152º ano da sua publicação)
(Ilustração: Paródia de Carnaval, gravura, meados do século XIX, Lisboa - Arquivo Municipal de Lisboa - M. Teixeira Gomes)