SÊ JOVEM
Sê jovem,
jovem, apenas.
Não faças literatura
nem ponhas o melancólico aspecto
de quem sabe
e se debruça
nos abismos
desta pobre humanidade
tão vil e tão desgraçada!
Sê natural como as rosas
que rebentaram ali nos canteiros do jardim,
-- e sê jovem!
Mas não queiras ser mais nada
quando estás ao pé de mim.
António Botto
Sê jovem,
jovem, apenas.
Não faças literatura
nem ponhas o melancólico aspecto
de quem sabe
e se debruça
nos abismos
desta pobre humanidade
tão vil e tão desgraçada!
Sê natural como as rosas
que rebentaram ali nos canteiros do jardim,
-- e sê jovem!
Mas não queiras ser mais nada
quando estás ao pé de mim.
António Botto
António Botto (1897 — 1959) foi um poeta, contista e dramaturgo português - um dos mais originais e polémicos do seu tempo. A sua obra mais popular, Canções, compreende um conjunto de poemas líricos que expressam o drama do sentir homoerótico, de modo subtil mas explícito, e foi um marco na lírica portuguesa pela sua novidade e ousadia, causando grande escândalo e ultraje entre os meios reaccionários da época. Amigo de Fernando Pessoa, que foi seu editor, defensor crítico e tradutor, conheceu igualmente outras figuras cimeiras da literatura portuguesa. Ostracizado em Portugal, em 1947 viajou para o Brasil, onde viveu os últimos anos em grande atribulação e penúria. Morreu em 1959, no Rio de Janeiro.
(Wikipédia)
(Wikipédia)
António Botto, o autor diferente