sexta-feira, 6 de março de 2015

Ruy Ventura na Aula de Poesia Díez Canedo



Na passada terça-feira, dia 3, o poeta português Ruy Ventura leu excertos da sua obra para os alunos de diferentes escolas secundárias de Badajoz. Foi apresentado por duas alunas da nossa escola (faltou a Ana, que tinha um teste a essa hora) através de um Powerpoint com alguns dados biobliobiográficos.

A obra de Ventura, escrita em forma de poema em prosa, foi lida e esclarecida por ele nalguns passos. Talvez não seja uma poesia fácil para os alunos, pela riqueza vocabular, pelas imagens... mas lá estavam eles a seguir as palavras pela brochura que edita e distribui a Aula de Poesia Díez Canedo.

Para aqueles que perguntaram pela razão de não ser uma edição bilingue, é preciso dizer que os diretores da Aula julgaram melhor ideia publicar só em português para incluir mais obra original.


Dentre as perguntas que os alunos fizeram ao poeta, fico com duas:

A poesia dele seria diferente se tivesse nascido fora do Alentejo? Ruy Ventura sublinhou a importância que para ele e a sua visão do mundo tem o facto de ter nascido numa zona de fronteira (como pode acontecer na Catalunha que fica perto de França) de ser raiano, como todos aqueles que nasceram em Badajoz, ou nas localidades vizinhas da fronteira, da raia/raya, são "rayanos".

Como e quando é que ele decidiu ser poeta? Ventura respondeu que ele não decidiu a certa altura ser poeta, mas que foi a poesia que o escolheu, que decidiu por ele...

E umas palavras que quem gosta de poesia. Esta aprecia-se melhor na leitura repetida daqueles versos que nos tocam, mesmo que não percebamos tudo o que lá se diz.

Para terminar, eis um trecho do seu livro Assim se deixa uma casa.

Nasce do medo desta cidade, vista entre dois táxis que param ao fundo da janela. Encontro um silêncio em que os passos são a residência possível depois da melancolia. 

A porta fecha-se para que o corpo encontre o seu próprio equilíbrio. É preciso descer até ao rio e, desse modo, virar sempre a página, continuar a contabilidade que regista o cansaço como uma pequena alegria.