Parque Eduardo VII. Vê-se a estátua do Marquês de Pombal
e o Rio Tejo ao fundo
e o Rio Tejo ao fundo
A minha esplanada
Uma das minhas esplanadas favoritas em Lisboa é no Parque Eduardo VII. Gosto da calma, da localização, da arquitectura, idealizada por Keil do Amaral. Nos últimos anos, por muitas razões, que não são difíceis de compreender, está (quase) totalmente ao abandono. O restaurante que serve de apoio é muito pouco atractivo, o ambiente é decadente, os chapéus de sol com publicidade variada, o lago sujo, o piso levantado, as plantas por cuidar. Incúria, esquecimento, incompetência, falta de dinheiro e de capacidade, são seguramente as razões para tal estado. Como em tantos outros exemplos, quem decide gosta mais de fazer de novo, do que de recuperar. Prefere construir a reconstruir. Talvez por isso, um pouco mais acima, no Jardim Amália Rodrigues, existe uma esplanada moderna, um ambiente sofisticado, equipamentos de vanguarda, caros e "de autor". A incapacidade financeira é explicação para muitas opções, mas nem sempre é a determinante. A falta de dinheiro cada vez nos acompanha mais no dia a dia, provocando situações a que nem sempre estamos preparados para enfrentar, mas muitas vezes o que falta mesmo é vontade.
Na esplanada do Parque, num recente final de tarde de agosto, depois de ter pedido, como habitualmente, um Ginger Ale com limão e duas pedras de gelo, de ter sentido o momento, observado os cisnes e folheado uma revista, aconteceu algo que não acontecia há muito, provavelmente desde os tempos de estudante, em que partilhava uma garrafa de leite com chocolate com uma antiga namorada: verifiquei que não tinha dinheiro suficiente para pagar a despesa. Procurei 1,20€ na carteira, por todos os bolsos e não tinha mais do que 80 cêntimos. Propus pagar com cartão multibanco, mas não era possível. Foram segundos complicados. Mas, com simpatia, o empregado aceitou apenas o dinheiro disponível dizendo que o resto era por "conta dele". Agradeci e comprometi-me na próxima oportunidade a pagar o que faltava.
Na esplanada do Parque, num recente final de tarde de agosto, depois de ter pedido, como habitualmente, um Ginger Ale com limão e duas pedras de gelo, de ter sentido o momento, observado os cisnes e folheado uma revista, aconteceu algo que não acontecia há muito, provavelmente desde os tempos de estudante, em que partilhava uma garrafa de leite com chocolate com uma antiga namorada: verifiquei que não tinha dinheiro suficiente para pagar a despesa. Procurei 1,20€ na carteira, por todos os bolsos e não tinha mais do que 80 cêntimos. Propus pagar com cartão multibanco, mas não era possível. Foram segundos complicados. Mas, com simpatia, o empregado aceitou apenas o dinheiro disponível dizendo que o resto era por "conta dele". Agradeci e comprometi-me na próxima oportunidade a pagar o que faltava.
Um feliz exemplo de falta de dinheiro, compensada por uma demonstração de educação e vontade. O que nem sempre acontece. Mas que acaba por constituir mais uma razão (embora não fosse necessária) para preferir a minha esplanada, e mais um pretexto para voltar lá muito em breve. É sempre bom voltar aos locais de que temos boas memórias e que nos tratam bem. Mesmo quando existem adversidades.
Carlos Moura Carvalho