segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Sobre 'doutores e engenheiros'

Desenho de Luís Afonso (cliquem para ler o texto)

Maria das Dores Maia é uma portuguesa que escreveu à revista Visão em 2004 sobre esse assunto de que vocês já ouviram falar muitas vezes: em Portugal, as pessoas com estudos universitários, são tratadas como doutores, engenheiros, etc.

Será que todos os portugueses gostam disso ou concordam com essa maneira de tratar as pessoas? Não, é claro.


Doutores e engenheiros

Há em Portugal uma tendência provinciana que faz com que certas pessoas se sintam bem ao serem tratadas por «senhor doutor», «senhor arquitecto» ou «senhor engenheiro». O tratamento em função da licenciatura não tem pés nem cabeça, porque fica abolido o nome da pessoa (que é, no meu entender, o mais importante), restando apenas o impessoal título professional adquirido pela conclusão de um curso universitário de quatro ou cinco anos. Quando perguntamos o nome a um vendedor, uma empregada da limpeza, a um serralheiro, a um trolha, a um carpinteiro, a um escriturário ou a um pasteleiro, eles não respondem: «Sou o serralheiro Fulano de Tal» ou «Sou o pasteleiro Sicrano».

O que valoriza um ser humano são as suas qualidades morais (que estão hoje em dia em completo decréscimo) e a sua honestidade e simplicidade. Nada mais.