segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Memória (Carlos Drummond de Andrade)

Praça da Estação (Fotografia de João Perdigão)

MEMÓRIA

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.

Carlos Drummond de Andrade


Do seu livro Claro Enigma (1951)




Eis o poema na voz do próprio Drummond