Mudamos esta noite.
E como tu
eu penso no fogão a lenha
e nos colchões
onde levar as plantas
e como disfarçar os móveis velhos
Mudamos esta noite
e não sabíamos que os mortos
ainda aqui viviam
e que os filhos dormem sempre
nos quartos onde nascem
Vai descendo tu
Eu só quero ouvir os meus passos
nas salas vazias
António Reis
Poemas quotidianos (1967). Há uma edição da Tinta da China de 2017 com prefácio de Fernando J.B. Martinho e posfácio de António Sapinho.
Blog António Reis (último post: 25-9-2020)
(Fotografia de Pedro Couto e Santos)