sexta-feira, 15 de maio de 2020

Miguel Torga - "A minha pátria cívica acaba...”

Fotografia de Robert Grant


A minha pátria cívica acaba em Barca de Alva; mas a minha pátria telúrica só finda nos Pirinéus. Há no meu peito angústias que necessitam da aridez de Castela, da tenacidade vasca, dos perfumes do Levante e do luar andaluz. Sou, pela graça da vida, peninsular. Ardo no fogo desta fé que nos devora, exalto-me nas ambições desmedidas dos nossos maiores, e afundo-me dentro de uma invencível armada de quimera.

Miguel Torga

(Diário, Coimbra, 14 de Novembro de 1985).




(Lido aqui)