Luís Amaro, por Luís Manuel Gaspar |
FUGA
Numa nuvem de esquecimento
passar a vida,
sem mágoas, sem um lamento,
água correndo, impelida
pelo vento.
Ouvir a música do instante que passa
e recolhê-la no coração,
olhos fechados à dor e à desgraça,
os ouvidos atentos à canção
do instante que passa.
Beber a luz doirada que irradia
dos vastos horizontes,
e ver escoar-se o dia
entre pinhais e montes...
Doce melancolia.
Esquecer todas as agruras
que lá vão
e este negro mar de desventuras
em que voga ao sabor de torvas
ondas meu coração.
Luís Amaro
"Luís Amaro (1923-2018): um homem que era a memória viva da literatura portuguesa contemporânea", (Público, 24 de agosto de 2018)
Numa nuvem de esquecimento
passar a vida,
sem mágoas, sem um lamento,
água correndo, impelida
pelo vento.
Ouvir a música do instante que passa
e recolhê-la no coração,
olhos fechados à dor e à desgraça,
os ouvidos atentos à canção
do instante que passa.
Beber a luz doirada que irradia
dos vastos horizontes,
e ver escoar-se o dia
entre pinhais e montes...
Doce melancolia.
Esquecer todas as agruras
que lá vão
e este negro mar de desventuras
em que voga ao sabor de torvas
ondas meu coração.
Luís Amaro
"Luís Amaro (1923-2018): um homem que era a memória viva da literatura portuguesa contemporânea", (Público, 24 de agosto de 2018)