Fotografia de Luiz Felipe Sahd
[Soneto do sobressalto]
É fácil no amor o ser feliz
se a tanto se resume o que buscamos
jurando a eternidade com o giz
das coisas que escrevemos e apagamos
conforme nasce o dia ou anoitece.
Mas eu, amor, exijo o sobressalto,
a dor, o lume, o vento que enlouquece,
o medo, a cicatriz, o passo em falso.
E arrisco-me a ter frio e a ter sede.
E ouso o fogo, a areia da tristeza,
o voo no trapézio sem a rede,
o abismo, um precipício, uma ravina
a pique desenhada de surpresa.
Do mundo eu temo apenas a rotina.
José Carlos Barros
(Lido em Amadeu Baptista)
É fácil no amor o ser feliz
se a tanto se resume o que buscamos
jurando a eternidade com o giz
das coisas que escrevemos e apagamos
conforme nasce o dia ou anoitece.
Mas eu, amor, exijo o sobressalto,
a dor, o lume, o vento que enlouquece,
o medo, a cicatriz, o passo em falso.
E arrisco-me a ter frio e a ter sede.
E ouso o fogo, a areia da tristeza,
o voo no trapézio sem a rede,
o abismo, um precipício, uma ravina
a pique desenhada de surpresa.
Do mundo eu temo apenas a rotina.
José Carlos Barros
(Lido em Amadeu Baptista)