Fotografia de Renata F. Oliveira
Texto publicado no blogue enfado a 17.09.2011
Adeus Avó
Vinhas calmamente perguntar-me o que queria para o almoço. Qualquer coisa, avó. Com um sorriso: queres um bife com batatas fritas e ovo estrelado? Sim, sorria eu também.
Era nos dias em que os pais não estavam, o que dava a todo o ritual contornos de segredo, como se estivéssemos a fazer uma traquinice.
Pouco depois comíamos. Eu, extasiado, principalmente com o ovo estrelado e as batatas fritas. Tu, sorridente, com os legumes cozidos. Raramente falávamos e eu nunca encontrava palavras certas para te dizer. Comíamos em silêncio.
Mas eu sempre soube que aquela refeição sofregamente devorada, as batatas fritas, o ovo estrelado, o bife, o arroz meio malandro, tinha mais afecto que todas as palavras que me pudesses dizer.
Escrito em Díli, a 15 de Março de 2004
Blogue enfado, de Guilherme Cartaxo
Adeus Avó
Vinhas calmamente perguntar-me o que queria para o almoço. Qualquer coisa, avó. Com um sorriso: queres um bife com batatas fritas e ovo estrelado? Sim, sorria eu também.
Era nos dias em que os pais não estavam, o que dava a todo o ritual contornos de segredo, como se estivéssemos a fazer uma traquinice.
Pouco depois comíamos. Eu, extasiado, principalmente com o ovo estrelado e as batatas fritas. Tu, sorridente, com os legumes cozidos. Raramente falávamos e eu nunca encontrava palavras certas para te dizer. Comíamos em silêncio.
Mas eu sempre soube que aquela refeição sofregamente devorada, as batatas fritas, o ovo estrelado, o bife, o arroz meio malandro, tinha mais afecto que todas as palavras que me pudesses dizer.
Escrito em Díli, a 15 de Março de 2004
Blogue enfado, de Guilherme Cartaxo