segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Alda do Espíritu Santo - Ilha Nua

Ilha de S. Tomé, fotografia de André Pipa


ILHA NUA

Coqueiros e palmeiras da Terra Natal
Mar azul das ilhas perdidas na conjuntura dos séculos
Vegetação densa no horizonte imenso dos nossos sonhos.
Verdura, oceano, calor tropical
Gritando a sede imensa do salgado mar
No deserto paradoxal das praias humanas
Sedentas de espaço e de vida
Nos cantos amargos do ossobô
Anunciando o cair das chuvas
Varrendo de rijo a terra calcinada
Saturada do calor ardente
Mas faminta de irradiação humana
Ilhas paradoxais do Sul do Sará
Os desertos humanos clamam
Na floresta virgem
Dos teus destinos sem planuras...

Alda do Espíritu Santo

É Nosso o Solo Sagrado da Terra (1978)



Alda Espírito Santo, também conhecida por Alda Graça, teve a sua educação em Portugal, onde chegou a frequentar a Universidade.

Acabou por abandonar, em parte devido às suas actividades políticas, mas também por motivos económicos. Regressada a S. Tomé, veio a trabalhar como professora.

Na sua passagem por Lisboa, foi contemporânea, de Amílcar Cabral, Mário Pinto de Andrade, Agostinho Neto, Marcelino dos Santos, Francisco José Tenreiro e outras figuras do nacionalismo africano, designadamente na Casa dos Estudantes do Império.

Foi uma das mais conhecidas poetizas africanas de língua portuguesa, tendo ocupou s cargos de relevo nos governos de São Tome e Príncipe, como o de Ministra da Educação e Cultura, Ministra da Informação e Cultura tendo sido igualmente Deputada.

Os seus poemas aparecem nas mais variadas antologias lusófonas, nomeadamente em M. Andrade e F. J. Tenreiro, Poesia Negra de Expressão Portuguesa (1958); ª Margarida, Poetas de S.Tomé e Príncipe (1963); M. Ferreira, No Reino de Caliban II (1976); C. ª Medina, Sonha Mamana África (1988); O Coro dos Poetas e Prosadores de S.Tomé e Príncipe (1992); entre outros bem como em jornais e revistas de São Tomé e Príncipe, Angola e Moçambique.

Dados de Lusofonia Poética