Fotografia de Fábio Pinheiro
BAILADO
A árvore dançou. E, no entanto,
Seu tronco, inverosímil, não buliu.
O vento sacudiu-lhe o verde manto…
Mas o que foi que o vento sacudiu?
Nunca ninguém pôde saber, ao certo
Se os ramos, de formosos, nos mentiram
Ou, se de os ver, ai! se de os ver tão perto
Os nossos olhos quase não os viram.
Quem bailaria ao som daquela voz?
Quem lhe deu sangue e força verdadeira?
A árvore dançou, oculta em nós.
E o vento fomos nós na terra inteira.
Pedro Homem de Mello
Eu Hei-de Voltar Um Dia, Lisboa, Edições Ática, 1966
A árvore dançou. E, no entanto,
Seu tronco, inverosímil, não buliu.
O vento sacudiu-lhe o verde manto…
Mas o que foi que o vento sacudiu?
Nunca ninguém pôde saber, ao certo
Se os ramos, de formosos, nos mentiram
Ou, se de os ver, ai! se de os ver tão perto
Os nossos olhos quase não os viram.
Quem bailaria ao som daquela voz?
Quem lhe deu sangue e força verdadeira?
A árvore dançou, oculta em nós.
E o vento fomos nós na terra inteira.
Pedro Homem de Mello
Eu Hei-de Voltar Um Dia, Lisboa, Edições Ática, 1966