Gomes Leal, numa caricatura de Bordalo Pinheiro
Aquela que me tem, agora, presa
Minha alma, meus sentidos, meus cuidados...
E me faz sonhar sonhos desmanchados,
É uma altiva e olímpica inglesa
Nunca tipo ideal de mais pureza
Vi nos góticos quadros mais prezados.
Seus doces olhos castos e velados
Têm um ar, infinito, de tristeza.
Tem uns gestos de deusa que caminha
Fonte grega, e um ar grande de Rainha,
E umas mãos como as ladies de Van Dyck...
Segue-a sempre um lacaio, e tristemente,
É por ela que eu morro, lentamente...
E ponho no bigode cosmétique.
Gomes Leal
António Gomes Leal (Lisboa, 1848 - 1921), poeta e crñitico literário português, na Wikipédia.
No Centro Virtual Camões:
"(...) Gomes Leal é considerado um precursor do Modernismo Português, tendo sido referido por Fernando Pessoa como um dos seus mestres. Este dedica-lhe o soneto Gomes Leal, publicado pela Ática na edição das Obras Completas de Fernando Pessoa, em 1967 (...)"