A desfolhada tradicional é um duro trabalho agrícola em que se retira a espiga (ou maçaroca) da planta.
Antigamente, marcava-se o dia das desfolhadas com os vizinhos, a família e os amigos. Durante o dia, juntavam-se os lavradores e cortavam o milho com uma foicinha.
À medida que se desfolha vai-se amontoando as espigas em cestos que, depois de cheios, são carregados no carro de bois para ser despejados no canastro ou espigueiro.
A palha do milho servia para a alimentação dos animais. Os jovens participavam entusiasmados nas desfolhadas, sempre na esperança de encontrar o milho rei (espiga vermelha) para poderem dar um beijo ou um abraço à namorada (é que o feliz achador tem a obrigação de gritar bem alto: Milho rei! - e o direito de dar uma volta a todos os trabalhadores, distribuindo abraços). Antigamente, esta era uma oportunidade única para se aproximar fisicamente das raparigas, das namoradas, até das noivas porque, na época as convenções sociais eram muitas e a vigilância por parte dos pais era muito apertada.
À noite, à luz das candeias faziam-se grandes desfolhadas, dançava-se e cantava-se ao som da concertina. Apesar do cansaço, as desfolhadas eram sempre motivos de grandes satisfações e alegrias para aqueles que nelas participavam.
As desfolhadas da aldeia
são cheias de vida e cor
até a luz da candeia,
suspiram versos de amor.
Ai as desfolhadas, lindas desfolhadas
onde as raparigas vão todas lavadas,
saem de casa preparam-se bem
porque os seus amores lá irão também.
(Fonte: o blogue Folklore de Portugal)