quarta-feira, 19 de junho de 2013

A Língua Portuguesa (Olavo Bilac)




A Língua Portuguesa 

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: «Meu filho!»
E em que Camões chorou, no exílio amargo
O génio sem ventura e o amor sem brilho!

Olavo Bilac  


Olavo Bilac (Rio de Janeiro, 1865 - 1918) foi um jornalista e poeta brasileiro, membro fundador da Academia Brasileira de Letras.



Análise do poema