«DEUSES, QUEM MOS DERA...»
Deuses, quem mos dera
acessíveis fraternos
divinos o bastante
e corpóreos físicos cheirosos
à carne e o mais.
Não há. Só por miragem
por ilusão vontade
ou desespero ou sonho
nocturno e solitário
alguém agora os vê.
Antes não ser capaz destas visões. Ou
ter perdido o dom
de imaginá-los —
que supor
haver quem se degrade a ser divino
apenas por instantes.
1967
Jorge de Sena
Peregrinatio ad Loca Infecta (1969)
(Fotografia de Dan Diffendale - The Aphrodite of Capua)