NATAL D'UM POETA
Em certo reino, à esquina do planeta,
Onde nasceram meus Avós, meus Paes,
Ha quatro lustros, viu a luz um poeta
Que melhor fôra não a ver jamais.
Mal despontava para a vida inquieta,
Logo ao nascer, mataram-lhe os ideaes,
A falsa fé, n'uma traição abjecta,
Como os bandidos nas estradas reaes!
E, embora eu seja descendente, um ramo
D'essa arvore de Heroes que, entre perigos
E guerras, se esforçaram pelo Ideal:
Nada me importas, Paiz! seja meu amo
O Carlos ou o Zé da Th'reza... Amigos,
Que desgraça nascer em Portugal!
António Nobre
António Pereira Nobre (Porto, 16 de agosto de 1867 — Foz do Douro, 18 de março de 1900), mais conhecido como António Nobre, foi um poeta português cuja obra se insere nas correntes ultra-romântica, simbolista, decadentista e saudosista (interessada na ressurgência dos valores pátrios) da geração finissecular do século XIX português. A sua principal obra, Só (Paris, 1892), é marcada pela lamentação e nostalgia, imbuída de subjectivismo, mas simultaneamente suavizada pela presença de um fio de auto-ironia e com a rotura com a estrutura formal do género poético em que se insere, traduzida na utilização do discurso coloquial e na diversificação estrófica e rítmica dos poemas.
(Continua na Wikipédia)
Em certo reino, à esquina do planeta,
Onde nasceram meus Avós, meus Paes,
Ha quatro lustros, viu a luz um poeta
Que melhor fôra não a ver jamais.
Mal despontava para a vida inquieta,
Logo ao nascer, mataram-lhe os ideaes,
A falsa fé, n'uma traição abjecta,
Como os bandidos nas estradas reaes!
E, embora eu seja descendente, um ramo
D'essa arvore de Heroes que, entre perigos
E guerras, se esforçaram pelo Ideal:
Nada me importas, Paiz! seja meu amo
O Carlos ou o Zé da Th'reza... Amigos,
Que desgraça nascer em Portugal!
António Nobre
António Pereira Nobre (Porto, 16 de agosto de 1867 — Foz do Douro, 18 de março de 1900), mais conhecido como António Nobre, foi um poeta português cuja obra se insere nas correntes ultra-romântica, simbolista, decadentista e saudosista (interessada na ressurgência dos valores pátrios) da geração finissecular do século XIX português. A sua principal obra, Só (Paris, 1892), é marcada pela lamentação e nostalgia, imbuída de subjectivismo, mas simultaneamente suavizada pela presença de um fio de auto-ironia e com a rotura com a estrutura formal do género poético em que se insere, traduzida na utilização do discurso coloquial e na diversificação estrófica e rítmica dos poemas.
(Continua na Wikipédia)