Ando um pouco acima do chão
Nesse lugar onde costumam ser atingidos
Os pássaros
Um pouco acima dos pássaros
No lugar onde costumam inclinar-se
Para o voo
Tenho medo do peso morto
Porque é um ninho desfeito
Estou ligeiramente acima do que morre
Nessa encosta onde a palavra é como pão
Um pouco na palma da mão que divide
E não separo como o silêncio em meio do que escrevo
Ando ligeiro acima do que digo
E verto sangue para dentro das palavras
Ando um pouco acima da transfusão do poema
Ando humildemente nos arredores do verbo
Passageiro num degrau invisível sobre a terra
Nesse lugar das árvores com fruto e das árvores
No meio de incêndios
Estou um pouco no interior do que arde
Apagando-me devagar e tendo sede
Porque ando acima da força a saciar quem vive
E esmago o coração para o que desce sobre mim
E bebe
Daniel Faria
(1971-1999)
"Daniel Faria (1971 - 1999)", em modo de usar & co. Há mais poemas.
"Daniel Faria: o rapaz raro" (Público, 14-7-2001)
"Un mito de la poesía portuguesa
Daniel Faria es, probablemente, el poeta de su generación que ha dejado una huella más profunda en la poesía portuguesa"
(El País, 3-6-2015)
Nesse lugar onde costumam ser atingidos
Os pássaros
Um pouco acima dos pássaros
No lugar onde costumam inclinar-se
Para o voo
Tenho medo do peso morto
Porque é um ninho desfeito
Estou ligeiramente acima do que morre
Nessa encosta onde a palavra é como pão
Um pouco na palma da mão que divide
E não separo como o silêncio em meio do que escrevo
Ando ligeiro acima do que digo
E verto sangue para dentro das palavras
Ando um pouco acima da transfusão do poema
Ando humildemente nos arredores do verbo
Passageiro num degrau invisível sobre a terra
Nesse lugar das árvores com fruto e das árvores
No meio de incêndios
Estou um pouco no interior do que arde
Apagando-me devagar e tendo sede
Porque ando acima da força a saciar quem vive
E esmago o coração para o que desce sobre mim
E bebe
Daniel Faria
(1971-1999)
"Daniel Faria (1971 - 1999)", em modo de usar & co. Há mais poemas.
"Daniel Faria: o rapaz raro" (Público, 14-7-2001)
"Un mito de la poesía portuguesa
Daniel Faria es, probablemente, el poeta de su generación que ha dejado una huella más profunda en la poesía portuguesa"
(El País, 3-6-2015)