CAFÉ
Sete adolescentes de mochilas escolares na mesa da esplanada acompanhando um, o único, que abancou para um café. Era o tempo dos primeiros cafés: eu ainda não percebia a pertinência do hábito e temia que isso me prejudicasse a verdade da performance. Primeiro, o pedido (impedir a insegurança de ler qualquer esgar Olha o puto já toma café no empregado); a seguir, os três quartos de açúcar como medida afinadíssima a décadas de dois cafés diários; depois mexer a mistura melindrosa de alheamento e semiconsciência de uma necessidade de vida ou morte à beira de ser satisfeita; e agora aguentar o amargo, o escaldão, o quão longe está tudo do McIdeal. Mas correu-me bem: lembro-me de no fim pensar que Marchava um cigarrinho.
Antonio Gregório
(Publicado há alguns anos no seu blogue Coração Acordeão)
(Fotografía de Amélia Monteiro)
Sete adolescentes de mochilas escolares na mesa da esplanada acompanhando um, o único, que abancou para um café. Era o tempo dos primeiros cafés: eu ainda não percebia a pertinência do hábito e temia que isso me prejudicasse a verdade da performance. Primeiro, o pedido (impedir a insegurança de ler qualquer esgar Olha o puto já toma café no empregado); a seguir, os três quartos de açúcar como medida afinadíssima a décadas de dois cafés diários; depois mexer a mistura melindrosa de alheamento e semiconsciência de uma necessidade de vida ou morte à beira de ser satisfeita; e agora aguentar o amargo, o escaldão, o quão longe está tudo do McIdeal. Mas correu-me bem: lembro-me de no fim pensar que Marchava um cigarrinho.
Antonio Gregório
(Publicado há alguns anos no seu blogue Coração Acordeão)
(Fotografía de Amélia Monteiro)