Fotografia de Gogliardo Maragno
Pela beleza do mundo, pela beleza das palavras, estes versos do poeta português António Gedeão, pseudónimo de Rómulo de Carvalho.
Um reino maravilhoso despede-se até setembro.
Um reino maravilhoso despede-se até setembro.
POEMA DAS COISAS BELAS
As coisas belas,
as que deixam cicatrizes na memória dos homens,
por que motivos serão belas?
E belas, para quê?
Põe-se o Sol porque o seu movimento é relativo.
Derrama cores porque os meus olhos veem.
Mas por que será belo o pôr do sol?
E belo, para quê?
Se acaso as coisas não são coisas em si mesmas,
mas só são coisas quando percebidas,
por que direi das coisas que são belas?
E belas, para quê?
Se acaso as coisas forem coisas em si mesmas
sem precisarem de ser coisas percebidas,
para quem serão belas essas coisas?
E belas, para quê?