segunda-feira, 25 de junho de 2012

Poema das coisas belas (António Gedeão)

 Fotografia de Gogliardo Maragno


Pela beleza do mundo, pela beleza das palavras, estes versos do poeta português António Gedeão, pseudónimo de Rómulo de Carvalho.

Um reino maravilhoso despede-se até setembro.


POEMA DAS COISAS BELAS

As coisas belas,
as que deixam cicatrizes na memória dos homens,
por que motivos serão belas?
E belas, para quê?

Põe-se o Sol porque o seu movimento é relativo.
Derrama cores porque os meus olhos veem.
Mas por que será belo o pôr do sol?
E belo, para quê?

Se acaso as coisas não são coisas em si mesmas,
mas só são coisas quando percebidas,
por que direi das coisas que são belas?
E belas, para quê?

Se acaso as coisas forem coisas em si mesmas
sem precisarem de ser coisas percebidas,
para quem serão belas essas coisas?
E belas, para quê?