Aquelas esperanças que eu, metido
A tormento, lancei fora por vans,
Que fazem ainda aqui co' as minhas sans
Contas, feito em pó já tudo, e bebido ?
Como? E será tam cego, e sem sentido
Amor, que uinas razões claras iam chans
Não ouça, e que não veja tantas cans,
Tanto tempo baldado, e não vivido ?
Esta alma, tantas vezes enganada.
Não tornará por si, não fará conta
Co'a despesa, c'o sol e co'a jornada?
Quem do mar escapou, quanto tnal conta
Que perigos sem fim! mas logo brada
Outra vez aos da nau na terra afronta!
Sá de Miranda